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sábado, 28 de julho de 2012

Pedalando pelo Parque Natural Regional do Verdon

Dia 21. Saímos Camps sur-Artuby relativamente cedo, para nós é claro, pois para boa parte dos cicloturistas o nosso cedo é tarde. Tínhamos uma expectativa que o dia seria longo. Primeiramente pelo fato de termos uma parede pela frente e por outro lado, o visual do cânion. E desta forma os fatos se concretizaram: 41,1 km em 4h06' de deslocamento com varias horas parado, o tempo era tanto que desligava o GPS para não gastar as pilhas, mas a velocidade média de deslocamento até que não foi das piores, pois fizemos 10 km/h. Neste dia descemos dos 906m do dia anterior para 520m e depois subimos aos 1222m e descemos mais um pouco. Este foi o dia da maior ascensão, entretanto as subidas eram longas garantindo uma inclinação menos abrupta. Sem dúvida este é um dos lugares mais bonitos que já pedalei (a Camila também é da mesma opinião), o tempo todo o abismo a nossa direita e o rio com sua cor verde rasgando o solo de calcário no fundo do cânion e apesar de estarmos pedalando em uma estrada, o transito é bem tranquilo e mesmo sem acostamento é possível curtir o visual. Pra mim é fascinante pensar que aquele rio ao longo milhares de anos foi lentamente sulcando a terra e formando toda aquela maravilha. São estas coisas que fazem a vida valer a pena. Poder ver de perto toda força da natureza, sentir os aromas, ouvir os sons, sentir o vento, enfim estar presente e perceber que somos um todo, que fazemos parte de tudo e que ao mesmo tempo somos tão pequenos. Viajar de bike é realmente uma das melhores coisas da vida. E assim foi este dia: visual e subida o tempo todo. O pedal deste dia terminou em Les Salles-sur-Verdon depois de uma descida incrível, baixamos mais de 450m continuamente a té chegar na beira de um lago enorme e maravilhoso que se forma ao final do cânion. A cidade é pequena e muito linda, vários Campings no entorno do lago e para variar todos lotados. Rolê no lago, jantarzinho e tibum na cama.

Dia seguinte um pedalzinho bem maneiro de apenas 16,5 km e velocidade média de 12 km/h um verdadeiro passeio. Em função da dificuldade de hospedagem e como já mencionado, nos finais de semana a coisa está bem complicada inclusive para conseguir vagas em Campings, nós tivemos que reorganizar os dias e os locais de hospedagem que ainda tinham vaga. Neste dia aproveitamos para curtir o lago (Lac de Sainte Croix) e o rio que corta o cânion, alugamos um caiaque tandem e remamos ao longo do Rio Verdon por 3 horas. O rio fica lotado de caiaques, canoas canadenses, pedalinhos (não como os nossos é claro) e até barquinhos elétricos. Uma verdadeira "Kizumba". Remar ao longo do rio por entre o cânion foi algo indescritível. Estar ali já valeu a viajem. Depois da aventura aquática rumamos para Moustiers-Ste-Marie. Esta é uma das cidades mais lindas de toda a viajem e está oficialmente entre uma das cidades mais lindas da França. A cidade está cravada no sopé da montanha que também é uma atração a parte. A cidade tem cerca de 650 habitantes e foi fundada por monges em 433 d.c. Uma verdadeira relíquia. E por falar em relíquia, nesta cidade existe uma estrela de ouro suspensa por um cabo de aço entre o cume de duas montanhas acima da cidade e segundo a lenda ela foi posta por uma pessoa que satisfeita por voltar viva das cruzadas ofereceu esta homenagem. A cada 100 anos o cabo é trocado. Esta estrela reflete o sol ao final do dia e seu brilho parece um pequeno sol acima da cidade. É realmente maravilhoso. Um pequeno rio com várias pequenas cachoeiras corta a cidade e em alguns trechos ele passa por entre o muro das constrições, uma beleza ímpar. E foi ai mesmo que jantamos, no jardim de um pequeno restaurante, que ao fundo fica uma destas cachoeirinhas com o rio contido pelo muro lateral do jardim.

23/07, último dia dentro do parque. Este pedal de 49,7 km foi predominantemente plano. A velocidade média foi de 14,1 km/h em 2h33' de deslocamento, mas também ficamos muito tempo parados (3h32'). Neste trecho ficam as plantações de lavanda. O visual é muito impactante e cheiroso. Imaginem pedalar sentindo o cheiro de lavanda no ar, sem contar com o colorido das plantações, é simplesmente indescritível. Por estes campos de lavanda, salpicados de girassóis e campos de feno, pedalávamos e parávamos para tirar fotos até chegar em Manosque, fim de nossa viajem pelas belezas e encantos da Toscana, Ligúria e Provença. Manosque é uma cidade grande, a maior da região com cerca de 20.350 habitantes de onde partem os trens para a Marseille e de Marseille os trens para Paris. Esta é a forma que optamos par ir a Paris, nosso destino final, pois de lá pegamos o avião para retornarmos para Sampa, mas a viajem ainda não acabou por completo, pois em paris tem mais pedal.

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